Pular para o conteúdo principal

Limites: Pais e Filhos.



Limites: Pais e Filhos.


Quantas vezes chegam ao meu consultório pais, de crianças e adolescentes, com dificuldades de dar limites aos seus filhos. Tarefa nem um pouco fácil até mesmo porque cada criança é única, e não existe um manual de pais.

Pensando na dificuldade desses pais resolvi escrever um pouquinho sobre o assunto de como ajudá-los nessa difícil arte de dar limites a esses pequenos.

Qual o adolescente que não tem uma boa desculpa pra aquilo que faz como te ferir, brigar com os irmãos, ser reprovado,...

Essa boa desculpa geralmente está relacionada com uma intenção "positiva", que é o que o leva a ter tal comportamento negativo.

Portanto o comportamento negativo não irá mudar ao menos que ele (criança ou adolescente) seja compreendido e reconhecido.

Um bom exemplo para ilustrar isso muito comum que ocorre com os pais pode ser quando os pais acabam gritando com os filhos, perdendo a paciência com os filhos, o que é compreensível, muitas crianças e adolescentes muitas vezes nos tiram do sério, porém os pais tiveram um comportamento negativo mesmo que a intenção fosse boa, que seria a intenção de dar limites.

Existem duas vertentes que podem te ajudar na compreensão do comportamento do seu filho a primeira que por detrás desse comportamento negativo existe uma boa “intenção”. Esta compreensão te ajudará a entender qual a intenção positiva que está por detrás deste comportamento. Você pode tentar enganá-lo, mas adolescente geralmente tem um nariz excelente para este tipo de emboscada emocional. Outra vertente também muito importante é se lembrar de que a forma de como você se comunicar com ele será a forma que ele te responderá. Ou seja, se você falar com ele de uma forma que você não gosta será a forma que ele irá te responder até mesmo porque você é o modelo para ele. Ou seja, criticar, julgar são exemplos clássicos que muitos pais acabam fazendo sem saber o como fazer diferente. E quando o pai ou a mãe faz isso acaba entrando em contato com o modo defensivo do filho, e não com a intenção real do filho, o que também acaba não ajudando o filho a entender que o seu comportamento não está certo.

Algumas perguntas que podem ser feitas para ajudar o seu filho a entender o comportamento que ele fez errado são: O que você quer com esse comportamento? O que você acha quando um amigo teu faz isso? Se fosse você no lugar da pessoa o que você iria sentir? E etc. Quando você fala pra ele como se outra pessoa estivesse fazendo aquilo que ele fez, ajuda à ele se colocar no lugar de um observador que pode pensar em comportamentos novos para tentar conseguir aquilo que ele quer.

E quando você desconfia do que pode ser exatamente o que ele está querendo ajude-o a mostrar a melhor forma para conseguir aquilo que ele está querendo e mostre-o que com esse comportamento negativo ele não conseguirá nada.

Um exemplo para melhor ilustrar o que foi falado acima: João entra no quarto da sua irmã e pega o dinheiro que ela havia economizado e sai com os amigos. Por um lado você pensa que tem sempre uma boa razão para isso, e por outro lado você fica furiosa com ele. Respire fundo e se reserve um tempo para se acalmar para tentar uma melhor compreensão do que aconteceu e para encontrar a intenção positiva.

Antes seria legal você ajudá-lo a ser um mero observador do fato em si. Quando ele entra no modo de observador você pode interceptar ele. Coloque os fatos de forma coloquial... Sei que você entrou no quarto da sua irmã e pegou as economias dela. E comece a falar de forma a ele te compreender. Isso não é comum acontecer né? Seus amigos pegam o dinheiro das irmãs? Assim você não pergunta o porquê ele fez isso, até mesmo porque essa pergunta contribuirá para ele entrar no modo defensivo. Assim você modificará o esquema dele se relacionar com você e com o mundo em geral. Com essa pergunta você poderá ter uma resposta do tipo eu queria sair com meus amigos,... Em seguida você pode falar e o que você sente quando sai com seus amigos? “Faz me sentir parte de um grupo de amigos” , e o que é ser parte de um grupo de amigos? “É não me sentir um perdedor”... E você pergunta se isso fez com que ele não se sentisse um perdedor...

E por aí vai... E no decorrer da conversa você pode ajudá-lo a mostrar que assim ele está afastando os familiares e conseguindo o contrário, a sensação de perdedor.

Lógico que não existe uma forma correta, existem formas que melhor podem funcionar com uma ou outra criança e ou, adolescente. O grande passo para melhorar a relação com seu filho, e a ele aprender como lidar com os limites é ajuda-lo a entender como conseguir aquilo que ele quer, e sim ás vezes aquilo que ele quer no momento não poderá ter ou conseguir agora, e que você entende aquela tristeza e chateação dele...

Espero ter ajudado um pouco você, e se mesmo assim não conseguir lidar com esta questão... a melhor forma será mesmo a busca de um profissional da área.

Daniela Cracel
Imagem: Humana Saúde

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Teste Psicológico para detectar transtornos alimentares - Quizz

Teste Psicológico para detectar transtornos alimentares - Quizz Esse teste psicológico é um breve questionário sobre transtornos alimentares que pode ajudar a você a perceber se está sujeita a desenvolver um distúrbio alimentar, ou se você se preocupa muito com esta questão a ponto de empregar muito tempo ou motivação com este tema: Trata-se de um teste de psicologia que permite uma breve análise como medida para ajudá-la a determinar se você atualmente precisa de um profissional da saúde para um diagnóstico adequado sobre distúrbios alimentares. Os distúrbios alimentares mais freqüentes na população correspondem à anorexia e a bulimia. Por meio deste breve teste psicológico você poderá ter uma medida de rastreio e com isso verificar se pela sua pontuação você tem estado atualmente muito preocupado, ou está desenvolvendo situações que correspondem a um distúrbio alimentar. Logicamente, este breve teste psicológico serve somente para um despertar para a questão e, para que voc...

ESCALA DE SINTOMAS OBSESSIVO-COMPULSIV0S DE YALE-BROWN 8 (Y-BOCS)

ESCALA DE SINTOMAS OBSESSIVO-COMPULSIV0S DE YALE-BROWN 8 (Y-BOCS) 1.TEMPO OCUPADO POR PENSAMENTOS OBSESSIVOS P. Quanto de seu tempo é ocupado por pensamentos obsessivos? 0=Nenhum 1=Leve:menos de 1 hora/dia ou intrusões ocasionais 2=Moderado:1 a 3 horas/dia ou intrusões freqüentes 3=Grave:Mais de 3 horas e até 8 horas/dia ou intrusões muito freqüentes 4=Muito grave: Mais de 8 horas/dia ou intrusões quase constantes 2. INTERFERÊNCIA PROVOCADA PELOS PENSAMENTOS OBSESSIVOS P.Até que ponto seus pensamentos obsessivos interferem com sua,, vida social ou profissional? 0=Nenhum 1=Leve: leve interferência nas atividades sociais ou ocupacionais outras, mas o desempenho global não é deteriorado 2=Moderado: clara interferência no desempenho social ou ocupacional, mas conseguindo ainda desempenhar 3=Grave: provoca deterioração considerável no desempenho social ou ocupacional 4=Muito grave: mal-estar quase constante e incapacitante 3.SOFRIMENTO RE...

Autismo na Teoria Gestalt Em direção a uma Teoria Gestalt da Personalidade

  Autismo na Teoria Gestalt Em direção a uma Teoria Gestalt da Personalidade GUADALUPE AMESCUA, Ph. D. Guadalupe Amescua, Ph. D., é o Centro de Estúdios e Inestigacion Guestalticos, Xalapa, México e autora do livro “ The Magic of Children: Gestalt Therapy with Children, Mexico, 1995, Cuba, 1997.             Para nós, que trabalhamos com crianças e adolescentes, é muito importante ter uma teoria de desenvolvimento gestáltica, assim como uma abordagem gestáltica para a psicopatologia. Baseado na teoria do contato e do self, eu considero o autismo como um problema de contato e fronteira no qual a criança está aprisionada na fronteira. Assim sendo, nós podemos pensar sobre uma abordagem gestáltica do autismo. Como um resultado de minha experiência com crianças autistas, eu apresento uma explanação do desenvolvimento da criança utilizando uma perspectiva gestáltica. Introdução         ...