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A paternidade muda o cérebro

® Lesley Rigg/Shutterstock
A paternidade muda o cérebro

Homens ficam mais atentos e acolhedores com a chegada do bebê

Por muitos anos os pais atuaram como coadjuvantes na educação dos filhos, assumindo a tarefa de prover o sustento, só cuidando diretamente deles em casos excepcionais, quando a mãe estava impossibilitada de dar conta dessa tarefa.

Para o homem, trocar fraldas ou dar banho em seu bebê era algo atípico e até constrangedor. Mas com as transformações sociais e culturais das últimas décadas, que tornaram a presença feminina no mercado de trabalho cada vez mais forte, a divisão de tarefas dentro de casa precisou ser revista. Hoje parece distante essa época.

Os homens ganharam o dever – mas também o direito – de acompanhar de perto cada etapa do desenvolvimento dos pequenos. Muitos que não tiveram um modelo paterno de maior proximidade física e afetiva precisaram descobrir (às vezes a duras penas) um novo jeito de ser pai. Os ganhos, porém, foram inegáveis, tanto para os adultos quanto para as crianças.

Hoje se sabe, por exemplo, que os homens influenciam as crianças de modo único: desempenham o papel de desafiá-las e instigá-las a desenvolver capacidades emocionais e cognitivas para enfrentar o mundo. Em um artigo de 1958, o psiquiatra britânico John Bowlby lançou uma ideia até então controversa, que ficou conhecida como teoria do apego: segundo ele, para se desenvolverem bem, todas as crianças necessitam de um relacionamento saudável e seguro com um adulto. Sua obra se atém à natureza do vínculo da criança com a mãe.

No entanto, nos anos 70 surgiram os primeiros estudos realmente voltados para os pais: eles são tão capazes quanto elas de cuidar dos filhos. “Homens estão igualmente aptos a compreender o choro de seus bebês como sinal de fome ou de cansaço e responder a essa demanda da criança”, reconhece Bowlby.

Diante de um recém-nascido irrequieto, adultos de ambos os sexos têm as mesmas respostas fisiológicas: alterações na frequência cardíaca, respiração e temperatura da pele. Assim como as mulheres, homens vendados conseguem distinguir seus bebês em meio a uma fileira de outros, numa enfermaria, apenas tocando suas mãozinhas.

A psicóloga Anne E. Storey e seus colegas da Universidade Memorial de New-foundland, no Canadá, descobriram recentemente que o nível de testosterona dos pais diminuiu em um terço nas primeiras semanas após seus filhos terem nascido, uma mudança que sugere que o homem fica menos agressivo e mais acolhedor nesse período. Alguns representantes do sexo masculino podem até sofrer de depressão pós-parto: em uma avaliação de 2005 com 26 mil pais e mães, o psiquiatra Paul G. Ramchandani, da Universidade de Oxford, verificou que 4% dos homens apresentavam sintomas da patologia até oito semanas após o nascimento dos filhos.

Leia mais sobre o que acontece no cérebro de pais e mães na edição de dezembro de Mente e Cérebro, n° 227.
Reportagem:

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