
Durante a primeira metade do século 20, muitos psicólogos acreditavam que demonstrar afeto pelas crianças era apenas um gesto sentimental que não servia de nada.
O psicólogo Comportamental John B. Watson, uma vez chegou a alertar os pais, "Quando tiver vontade de acariciar o seu filho, lembre-se que o amor materno é um perigoso instrumento." De acordo com muitos pensadores da época, o carinho só espalharia doenças e levaria a problemas psicológicos no futuro.
Durante este tempo, os psicólogos foram motivados a provar o seu domínio como uma ciência rígida. O movimento da psicologia comportamental instigou os investigadores a estudar apenas comportamentos observáveis e mensuráveis. Um psicólogo americano chamado Harry Harlow, no entanto, tornou-se interessado em estudar um tema que não era tão fácil de quantificar e medir: o amor.
Em uma série de experimentos controversos conduzidos em 1960 , Harlow demonstrou o poder do efeito do amor. Ao mostrar os efeitos devastadores da privação do afeto da mãe em macacos Rhesus jovens, Harlow revelou a importância do amor materno para o desenvolvimento infantil saudável. Seus experimentos foram muitas vezes chocantes e cruéis, ele ainda descobriu verdades fundamentais que têm influenciado a nossa compreensão do desenvolvimento da criança.
A Experiência da mãe de arame :
Harlow observou que pouca atenção foi dedicada à investigação experimental do amor. Devido as experiências escassas , as teorias sobre a natureza fundamental da afetividade têm evoluído ao nível da observação, intuição, adivinhações e discernimento, quer estes tenham sido propostos por psicólogos, sociólogos, antropólogos, médicos, ou psicanalistas (1958).
Muitas das atuais teorias do amor concentram na idéia de que o vínculo entre a mãe e a criança é apenas uma forma da criança obter a alimentação, aliviar sede, e evitar a dor. Harlow, no entanto, acreditava que esse comportamento de apego de mãe-filho era uma explicação insuficiente.
O experimento de Harlow com macacos jovens Rhesus dando chances de escolha entre duas "mães" diferentes foi o mais famoso dele. Uma delas foi feita de tecido felpudo macio, mas não fornecia qualquer alimento. A outra foi feita de arame, mas provinha alimentos a partir de uma mamadeira.
Harlow removeu de suas mães naturais os macacos jovens por algumas horas após o nascimento e os deixou serem criados por estas mães substitutas. O experimento demonstrou que o bebê macaco gastou significativamente mais tempo com sua mãe de pano do que com a sua mãe de arame. "Estes dados tornam evidente que o contato de acolhimento é uma variável de enorme importância no desenvolvimento da afetividade, enquanto o aleitamento é uma variável de importância negligenciável", explicou Harlow (1958).
Medo, Segurança, e afeto.
Em um experimento posterior, Harlow demonstrou que os macacos jovens também buscavam a mãe de pano para o conforto e segurança. Usando uma estranha situação semelhante ao criado por uma pesquisadora Mary Ainsworth, Harlow permitiu aos jovens macacos explorar uma sala mesmo na presença de sua mãe e em sua ausência. Macacos, na presença de sua mãe usaram ela como uma base de segurança para explorar o espaço.
Quando a mãe substituta foi retirada da sala, o efeito foi dramático. Os jovens macacos já não tinham a sua segurança de base para explorar o espaço, e muitas vezes até congelavam, gritavam e choravam.
O Impacto de Harlow na Investigação:
Embora muitos especialistas demonstram a importância do poder do amor paternal e carinho, o experimento Harlow ofereceu uma prova irrefutável de que o amor é vital para o desenvolvimento infantil normal. Outras experiências de Harlow revelaram a longo prazo a devastação causada pela privação do amor, o que levou a problemas profundos psicológicos e emocionais e até mesmo a morte. O trabalho de Harlow, bem como a importante investigação dos psicólogos John Bowlby e Mary Ainsworth, ajudaram a influenciar as principais mudanças na forma como orfanatos, agências de adoção, serviços sociais e grupos prestadores de cuidados infantis abordavam os cuidados com as crianças.
Enquanto o trabalho de Harry Harlow levou a aclamação e gerou uma riqueza da investigação sobre o amor, carinho, e as relações interpessoais, sua própria vida pessoal logo começou a desmoronar. Após a doença terminal de sua esposa, ele se tornou engolido pelo alcoolismo e depressão, acabou tornando-se afastado de seus próprios filhos. Colegas freqüentemente descreviam ele como sarcástico, malandro, chauvinista, e cruel. Mas, o legado de Harlow reforçou a importância do apoio emocional, do carinho, do amor no desenvolvimento das crianças.
Sugestões de leitura:
Blum, Deborah. (2002) Love at Goon Park. New York: Perseus Publishing.
Harlow, Harry. (1958) The Nature of Love. American Psychologist, 13, 673-685.