Entrevista sobre o medo com a psicóloga Daniela Cracel.
Repórter: Como surge o medo?
O medo como todos já sabem é um sentimento normal como qualquer outro. Porém se esse medo é algo que mobiliza a vida da pessoa ele passará a ser considerado patológico.
O medo pode surgir de perigos iminentes e reais, os quais são considerados sentimentos de proteção e saudável ao ser humano. Quanto ao medo patológico ele pode acontecer a qualquer momento. Isso depende da forma que cada um experimenta a sua vida e as suas sensações internas. Por exemplo, se uma criança vivência uma cena onde existe uma pessoa que o cachorro machuca, a criança poderá fazer uma associação negativa, e achar que todo cachorro machuca. Assim a criança poderá desenvolver uma fobia específica.
Repórter: Quais os tipos de reações que o medo pode provocar ?
Cada pessoa é única, sendo assim essas reações podem ser diferentes de pessoa para pessoa.
Ela altera uma série de funções vegetativas do organismo (que ocorrem de modo independente da vontade). As pessoas passam a apresentar suores internos, tremores, tonturas, batedeiras, sudoreses, aumento no número de micções, dificuldade para dormir e uma terrível e persistente sensação de cansaço.
A capacidade intelectual pode ser atingida. Realmente, a ansiedade diminui a capacidade de pensar com clareza, de julgar apropriadamente, de aprender com eficiência ou de recordar coisas.
Repórter: O medo pode se transformar em uma doença quando passa a comprometer as relações sociais ?
O medo excessivo pode causar um comprometimento na vida social. A pessoa pode começar a evitar lugares com pessoas, evitando sentir novamente as sensações temidas. Criando assim uma paralisação na vida social, e quando isto ocorre existe uma disfunção e isso precisa ser cuidado.
Repórter: Qual a técnica mais utilizada para tratar o medo ? Existe diferença no tratamento de criança e adulto ou a técnica é / pode ser a mesma ?
Uma das formas que gosto muito de trabalhar com o medo no meu consultório é a técnica da cadeira vazia. Assim a pessoa poderá encarar o seu medo e conversar com ele, de forma a entender melhor o que está acontecendo com ela reconstruindo um novo significado para ele.
A forma de trabalhar com a criança é diferente, o objetivo é fazê-la expressar o seu medo de forma a promover um ajustamento criativo. E essa forma de expressar o medo pode ser desenhando, através de procedimentos lúdicos, ou até mesmo o faz de conta. Lógico que depende da idade da criança.
Repórter: O que vem a ser um Medo condicionado?
É um processo pelo qual uma pessoa associa uma coisa, uma situação, ou um sentimento a algo assustador
Por exemplo, uma pessoa que comeu alguma coisa e passou mal. Ela pode associar o passar mal por causa da comida ingerida.
Repórter: O medo pode levar à uma depressão ou um suicídio ?
Como falado anteriormente cada pessoa é única. O medo é um sentimento ameaçador que pode levar algumas pessoas a fazerem coisas que se estivessem em outro estado derrepente não as fariam. Por isso precisamos como profissionais da saúde estar atendo aos “pedidos de socorro” que os pacientes podem trazer incutidos na sua psique e/ou no seu corpo. Pois o corpo fala.
Repórter: Qual a diferença entre medo e ansiedade ?
A diferença de um para o outro é que, geralmente, quando você sente medo, sabe o que está te assustando.
O medo geralmente se refere a um objeto ou a uma situação muito temida. Temos medo do perigo iminente.
Já a ansiedade se caracteriza por uma sensação desagradável de tensão e apreensão, sem causa evidente, e a que incluem sintomas somáticos. Como taquicardia, sudorese...
Repórter: Medos quando criança podem vir a interferir ao longo de sua vida adulta ?
As crianças possuem muitos medos, e geralmente eles são naturais dependendo da idade delas. O importante é conversar com elas de forma a clarear estes medos para que elas possam produzir uma resposta adequada a eles. Porém, se isto não acontece a criança pode levá-los para a vida adulta.
Repórter: Crianças podem desenvolver fobias?
Muitas crianças podem desenvolver fobias, que é um medo intenso e exagerado. Como falado anteriormente se a criança sentir medo de alguma coisa, ou algo e isso não for conversado no linguajar deles como eles poderão ter um ajustamento criativo para aquele medo? E quando isso acontece a criança pode apresentar sinais de uma fobia, e sendo assim se faz necessário um tratamento psicológico.
Repórter: Que atitude os pais devem tomar com relação ao medo de seus filhos quando passa a influenciar na escola?
A atitude dos pais em relação a qualquer medo que a criança possa apresentar é sempre um diálogo aberto, sem críticas. É sempre estar aberto a entender o que acontece com essas crianças de forma a ajudá-las a ter mais segurança a respeito de seus medos, podendo ter uma resposta mais criativa em relação a estes medos. Porém, se eles não melhorarem seria importante os pais procurarem um profissional da área para melhor atender a necessidade do filho.
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